Planeta água sustentável

A qualidade da água em Natal

ETE do Baldo - Natal/RN: Entenda como funciona.

A Estação de Tratamento de Esgoto do Sistema Central de Natal constitui-se num investimento de aproximadamente 83 milhões de reais financiado pelo governo federal e estadual. Localizada no Baldo, possui capacidade de tratar uma média de 450 litros por segundo. Com essa obra em associação a outras, Natal passará de 30% para 60% da cidade com cobertura de coleta e tratamento de esgotos. Ela está projetada para tratar o esgoto vindo de Alecrim, Areia Preta, Barro Vermelho, parte do bairro Nordeste, Candelária, Cidade Alta, Cidade da Esperança,  parte de Dix-Sept Rosado, Lagoa Nova, Lagoa Seca, Mãe Luiza, Morro Branco, Nazaré, Nova Descoberta, Petrópolis, Praia do Meio, parte das Quintas, Ribeira, Rocas, Santo Reis e Tirol....


O esgoto doméstico (bruto ou in natura) que chega na ETE (concentração de DBO de 300 mg/L), contém sólidos que viriam a danificar as bombas do sistema, portanto, num primeiro momento, é necessária a passagem pelas grades grossas. As grades grossas consistem em estruturas capazes de reter sólidos com diâmetro (ou dimensão) a partir de 20 mm. Com o decorrer do tempo, os sólidos retidos dificultam a passagem do esgoto, elevando o nível da lâmina de água no canal a montante das grades. Existe um sensor de nível que, ao chegar em determinado ponto, ativa garras que removem os sólidos automaticamente, desobstruindo as grades. Os sólidos, assim removidos, são colocados em uma correia transportadora que os despejam em containeres para serem descartados.

Das grades grossas, o esgoto se dirige à elevatória de esgoto bruto (EEE), responsável por bombea-lo até a caixa de areia (explicado a seguir). É considerado o coração do sistema, pois, caso sofra pane, causaria o transbordamento do esgoto para o canal do baldo antes de qualquer tratamento. Devido a sua importância, a elevatória, as grades grossas e peneiras finas podem ser ativadas via gerador. Existe um medidor de vazão eletromagnético após a elevatória, o qual mensurará a vazão de esgoto de entrada.
Antes do esgoto se dirigir a caixa de areia ele passa pelas peneiras finas com funcionamento similar as grades grossas, porém capazes de reter partículas a partir de 3 mm. Com o decorrer do tempo, os sólidos retidos dificultam a passagem do esgoto, elevando o nível da lâmina de água no canal a montante das peneiras. Existe um sensor de nível que, ao chegar em determinado ponto, ativa o sistema de rotação da peneira, desobstruindo-as. Os sólidos, assim removidos, são colocados em parafuso transportador que os despejam em containeres para serem descartados.

O esgoto atinge a maior cota da ETE ao chegar na caixa de areia. A partir desse ponto, o efluente irá passar pelas demais etapas por gravidade, eliminando a necessidade de novas elevatórias. A caixa de areia, devido à sua área, permite uma diminuição acentuada na velocidade, permitindo que inúmeras partículas sedimentem, mormente areia. Os sólidos sedimentados são colocados em parafuso transportador que os despejam em containeres para serem descartados.  

Ao passar pela caixa de areia o esgoto terá concluído a etapa de pré-tratamento, sendo encaminhado para uma caixa e dai será distribuído para os quatro UASB’s ou reatores anaeróbios de fluxo ascendente e manto de lodo (dois por linha) que representam a próxima etapa e a que consegue remover a maior parte da carga orgância (cerca de 70%). Para garantir um melhor desempenho do processo existem caixas de distribuição, responsáveis por garantir que o esgoto penetre nos UASBs de forma homogênea. Os UASBs são vedados, pois as bactérias responsáveis pela digestão não utilizam oxigênio. Existem placas defletoras na parte superior do reator responsáveis por promover a separação entre as fases líquidas e gasosas. O excesso de lodo que se forma no fundo pode ser descartado para a unidade de desidratação de lodo (explicado a seguir). Os processos biológicos envolvidos tranformam o nitrogênio da forma orgânica em amônia, além da formação de biogás (mormente metano) que é queimado.

As elevatórias de escuma 1 e 2 são responsáveis pela captação da escumas gerados nos UASBs 1 e 3 e nos UASBs 2 e 4 respectivamente. A escuma não é aproveitada no processo e deve ser descartada. As elevatórias levam o produto para a unidade de desidratação de lodo.
Após a digestão pelas bactérias anaeróbias, o esgoto segue para os tanques de aeração. Antes destes existem as câmaras anóxicas com misturadores que recebem o esgoto pós-UASB, lodo vindo das bombas de retorno de lodo e uma parcela (aproximadamente 25%) de esgoto pré-tratado vindo da caixa de distribuição do UASB (fonte de matéria orgânica essencial ao processo). Consiste em tanques com bactérias responsáveis pela desnitrificação, ou seja, tranformação do nitrato em nitrogênio gasoso.  

As câmaras anóxicas garantem que o esgoto passem para o tanque de aeração (dois por linha) de forma homogênea de modo a garantir aproveitamento máximo dos biodiscos. Os biodiscos são estruturas feitas especialmente para favorecer a proliferação das bactérias aeróbias. Torna-se imprescindível para a cultura de bactérias a presença de oxigênio, portanto existem seis sopradores responsáveis por inserir o ar atmosférico dentro do líquido através de difusores de bolhas finas (oxigenação) e bolhas grossas (para garantir a rotação dos biodiscos). No processo ocorre a nitrificação (tranformação da amônia em nitrato) e promove a estabilização da matéria orgânica restante. No fim dos tanques de aeração existem bombas de recirculação responsáveis por recircular parte do esgoto para as câmaras anóxicas, para remoção do nitrato.

A etapa seguinte corresponde aos dois decantadores secundários, grandes estruturas circulares que almejam reduzir abruptamente a velocidade de fluxo do efluente de modo a favorecer a flotação da escuma  e sólidos menos densos que o esgoto (enviados para a elevatória de escuma 3) e decantação do lodo (enviados para as elevatórias de excesso e de retorno do lodo) garantido a clarificação.

A elevatória de escuma 3 tem função similar às demais, porém, atua sob o decantador secundário, enviando para a unidade de desidratação de lodo. O lodo que é gerado e sedimenta no decantador é reaproveitado para as câmaras anóxicas através das bombas de retorno de lodo e nos UASBs através das bombas de excesso de lodo.

Como as unidades anteriores da ETE não removem de forma efetiva os microrganismos patogênicos por ventura existentes no esgoto bruto, no passo final há uma estrutura de desinfecção por Ultra-Violeta. O efluente necessita estar clarificado para garantir a penetração dos raios UV. O efluente tratado é então lançado no canal do baldo.

Apesar de o lodo ser reaproveitado, o sistema, em regime permanente, pode gerar mais que o necessário. Portanto, para descartar o excesso e a escuma existe a unidade de desidratação de lodo. O tanque de lodo digerido (vindos do UASBs) e escumas (vindos das elevatórias de escumas) são mantidos de forma homogênea através de misturadores. O descarte é então enviado para as centrífugas de desidratação, sendo ainda misturadas com água e solução com polímeros. As tortas geradas são descartadas em containeres. O líquido extraído do processo de desidratação é reinserido no início da ETE (antes do gradeamento grosseiro).

A ETE do Baldo encontra-se inserida em meio urbano (densamente povoado), motivo pelo qual todos os possíveis pontos geradores de odores são atendidos por tubulação de captura dos gases odoríferos, sendo estes encaminhados para lavagem no sistema de tratamento de odores antes de sua emissão para atmosfera.

*Elaborado pela equipe de Engenheiros da CAERN que gerencia as obras da ETE: Paulo Eduardo, Felipe Ferreira e Cícero Fernandes.








 Postado por: Madson Gilcyê

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